Garimpagem Cultural

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Flipped


É incrível como as crianças me encantam.

Rob Reiner é um dos poucos que conseguem passar para o cinema toda a inocência e toda uma nostalgia deliciosa quando o assunto é a Infância. Responsável por um dos meus clássicos preferidos da década de 80, e tenho certeza que o filme marcou a infância de muita gente, Conta Comigo pode ser considerado hoje um dos melhores filmes sobre infância, amizade e amadurecimento já feito. Responsável também por uma das comédias românticas mais adoradas no final da década de 80, Harry e Sally – Feitos um para o Outro, filme que ajudou Meg Ryan a ser uma das atrizes de filmes românticos mais famosas dos cinemas (naquela época), competindo com Julia Roberts.


E é em 2010 que o diretor novamente volta a fórmula e decide nos mostrar o amadurecimento e as descobertas que todos nós já fizemos um dia: O amor. Em Flipped, é muito fácil ver uma história tão pura, inocente e deliciosa. O menino Bryce Loski se muda para a cidade de Juli Baker, ambos com 7 anos de idade. A menina logo fica apaixonada, enquanto o rapaz, fica meio constragido com a situação (como mostra a foto acima). E ao longo dos anos, estudando na mesma escola, Juli mantém seu amor pelo rapaz, enquanto ele, nem a considera como amiga, mas sim como uma vizinha. Tudo isso se passa em meados da década de 50 à 60.

Compará-lo com o filme ABC do Amor não seria nenhum equívoco. Aliás, quem gostou do filme, tem grandes possibilidades de adorar este aqui. A diferença é que ABC do Amor retrata um amor mais infantil, de criança mesmo, enquanto Flipped é mais sobre a pré-adolescência. Mas ambos com a mesma fofura e inocência. Um dos grandes aliados foi a narrativa e a montagem bastante original. Inclusive, Rob Reiner é o responsável pelo roteiro. E isso foi o que ajudou o filme a ser tanto para meninos quanto para meninas, pois, a narrativa intercalava entre os dois presonagens; assim que acontecia algo, nós, espectadores assistíamos as duas versões da história, contada por Juli e Bryce, o que fazia com que nós entendêssemos os dois lados. 

 

E quem pensa que o filme é apenas duas criancinhas apaixonadas, enviando cartinhas de amor na sala de aula e coxinhando com as amigas da escola sobre o garoto bonitinho da mesa ao lado, está muito enganado. O filme é uma grande lição, que tiramos desde ficar em cima de uma árvore e empedir de derrubá-la à criar galinhas no quintal e vender os ovos pra arrumar alguns trocados. Sem contar a convivência e a união familiar, e a arrogância do ser humano. Claro que a história de amor entre as crianças é o centro para todo esse debate no filme, mas que tem muito mais a dizer do que parece. Uma pena ver que as crianças de hoje em dia crescem no meio da malícia, onde com 10 anos de idade já perdem a virgindade, já estão no tráfico, já fumam e já roubam. O que aconteceu com a educação desse povo?

Flipped é um filme gostoso, simples, sem pretenções, que nos ensina a dar valor as coisas simples da vida. Parece uma lição de moral batida, mas muito pelo contrário. A gente vê dentro dos personagens tanta simplicidade, tanto amor, tanta vontade de querer ser alguém melhor, que alimenta dentro de nós ainda mais a certeza de que neste mundo ainda existem pessoas de bem e não seria nenhum  exagero dizer que é um dos melhores filmes do ano. (fonte: cine indiscreto)